sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Merecidas reverências.

imagem: um dos presentes que ele me deu.

Àquele que planta um jardim na minha história (flores vermelhas, lilás e amarelas; flores no dia dos namorados, no dia das mães, no dia do aniversário ou em um dia qualquer) os meus mais sinceros e honestamente profundos agradecimentos. A disposição para me atender nas horas mais imprescindíveis me assusta. A determinação para me fazer sorrir quando as lágrimas insistem em cair me motiva. A voz suave que procura expressar as melhores palavras no momento certo me conforta.
Meu médico. Meu enfermeiro. Aquele que tudo sabe sobre mim, mesmo não entendendo muito. Ainda assim, continua sendo aquele que tudo sabe a meu respeito. Que tudo divide. Que comigo tudo constrói. Na maioria das vezes, ele é quem paga as contas. E sempre se disponibiliza pra pagar as que nada tem a ver com ele. É meu paizão [sinto que a criança que mora em mim se expõe mais do que em qualquer outro momento da minha vida quando estou com ele]. É o primeiro telefonema do dia e o último da noite. E certamente domina o meu top de ligações sempre. Falamos do óbvio ao extraordinário. Meu diário-amigo. É quem nunca me deixa só. E quem ouve as minhas maiores asneiras e ri de todas elas.

Pode parecer dependência, vício ou algo parecido. Eu corro o risco. Mas é nele que eu confio, é dele que eu preciso e é por ele que eu procuro quando o mundo todo parece desabar ou florescer ao meu redor.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Declaração.

Glaucia, Lucas e Andreia.: eu os amo.
Sem censura. Assim, escancarado.
Que é pra extravazar.

Componentes essenciais do meu kit-sobreviência Uespi.
Referências. No Direito e para além dele. E como isso vai longe...
Tudo o que eu quero ser quando crescer.
Retratos que me apontam cores que nem todo mundo vê.
Imagens, sons, perfumes do mundo que eu queria ter.

Amigos. pais. irmãos. parceiros de estradas sombrias ou claras. É bom me perder com vocês e me achar em vocês.
Obrigada.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

I must be rich...

Não. Não tenho nada além dos sentimentos que alimento, das paredes que construo e dos gritos que abafo.
Quer dizer...
...tenho vontade de gritar e isso já deve ser muita coisa...
- por isso escrevo.
Ademais, tenho as coisas da natureza...os pássaros e seus cantos, as flores e seus aromas, o céu e seu azul...
E isso também constitui muita coisa.
Tenho amores e, segundo Renato Russo (parafraseando Camões), Beatles e qualquer outra baladinha cliché, me parece que tenho muito.
Tenho matéria-prima pra recomeçar tudo de novo...e toda ela se faz príncipio ativo pra um início de vida digna.
Acho que isso define o que comumente se denomina "segunda chance" e cabe no espaço que ocupa a palavra fé...espaço nada pequeno, por incrível que pareça.
Devo ser rica. Tenho posses. Espero deixar legado.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Amém.


Eu tenho um amor.
E ele é anjo, é amigo, é irmão
cola na pele e se eterniza no coração
gruda perfumes e acrescenta tons de lilás aos cantos do meu porão.

Entrou pelo meu quintal, passou pelo fogão, instalou-se no meu quarto, bradou com a solidão...
Se esconde nos meus livros, nos meus rabiscos, nos sonhos compartilhados com meu travesseiro e nas minhas orações.
Todos os dias me levanta da cama e me enche de disposição. Se entrelaça nos meus fatos, nos acasos e na minha confusão.
Ao fim do dia, sobra certo, como trófeu, como merecimento e salvação.

Nesse momento, está ali...no meu jardim...ativo, altivo e esforçado em cuidar das flores que me ensinou a cultivar.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Entrega.


Te dar um gesto simples.
Passar a mão de repente sobre tua mão,
como se apalpa a vida ou o fruto que pede para ser colhido.

Te dar um olhar,
não aquele olhar distraído,
mas um olhar de quem chegou inteiro
e que se entrega enternecido e desamparado
dizendo: olha, sou teu.
Agora veja lá o que vai fazer comigo!

[Affonso Romano de Sant'Anna]

é...ando piegas. e enxergando o bom no ruim...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Quando castra...


sempre soube que o principio ativo dos movimentos era o medo:

o medo de perder. o medo de ganhar e não saber lidar;
medo de ficar; medo de fugir.
medo de dar o primeiro gole; o primero passo; a primera tragada;
o primeiro beijo;
medo de ir além; medo de estar aquém.
medo do outro; medo de si.

e depois do medo?
se sobrar um resto de sã consciêcia, podem as vãs sensações se sobressaírem.
se sobrar um pouco de vaidade, restarão ousadia e coragem.

mas quando o medo é muito, vasto e tudo, a luz só capta a imensidão do incerto, os músculos tremendo e uma torrente de gotas...aquelas que nos escapam vorazmente quando o incontrolável nos atinge.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

entra ano e sai ano...


[imagem: Liniers Macanudo]
...nem sempre os mesmos planos.

Por exemplo: a vontade de ser mais pontual com as sensações, escrituras, construções e no exercício dos verbos. Sim, a vida pode ser um emaranhado de orações subordinadas substantivas transitivas diretas. Que o seja!


"Mais prudente é fazer como Adalgisa Nery, que em seu cartão de boas-festas escreve só uma palavra: Paz. Já constitui voto bastante ambicioso, e eu lhe proporia emenda: Meia paz ou um grama de paz.
[...]
Você já reparou que ninguém deseja calma a ninguém na época de desejar coisas? Deseja-se prosperidade, paz, amor isso e aquilo ("tudo de bom pra você"), mas todos se esquecem de desejar calma para saborear esse tudo de bom, se por milagre ele acontecer, e principalmente o nada de bom, que às vezes acontece em lugar dele."

[Carlos Drummond de Andrade]


Felizes e frutíferos novos 345 dias - um pequeno atraso que espera perdão. ^^

Humildade.

[*da literal à mais sublime]

"Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa."

[Cora Coralina]