sexta-feira, 8 de julho de 2011

Carta aberta aos amigos.

Amigos;

Eu venho aqui abrir esse peito que anda meio conturbado com tanta reviravolta. Eu venho ser honesta, ser a Ju que ama ser assim por vocês alcunhada por que acredita que conquistou esse carinho tão claro nessa sílaba. Vim pedir um pouco mais de arrego, mais do que já peço todo dia, querendo forçar minha presença perto da de vocês. É que é um conforto de alma, sabem? Imaginem uma pessoa recém chegada em uma cidade, onde nunca pisara, e quando ouve aquela música da banda preferida passando na rádio do boteco da esquina sente um arrepio na alma. Pois é. Um conforto de alma, que nos últimos tempos só encontro na existência de vocês.

Por mim, a gente se abraçava no meio do parque mais bonito do planeta, posando pra fotos em frente ao córrego, naquela luz inebriante do pôr-do-sol. A foto pra levar pro resto da vida. Pra mostrar pros filhos e dizer: esses aqui são, cada um, pedaços de mim. Mamãe cresceu porque viveu os melhores anos aí, nesse retrato atemporal. Mas já que essa foto me parece no mínimo desafiadora, nesses tempos de adultice que não nos deixam ter meninices, vou abraçando cada um, permitindo que fique um pouco de mim também nas suas vidas.

Mas sabem o que é? É um mundo novo pra mim, que tava ali no canto, vendo-o girar. Não que eu não vivesse. Eu vivi. Do ponto de vista das minhas idealizações, tive as vidas mais bonitas que uma garota de 17 pra mulher (?) de 24 poderia ter. Eu não posso negar que sou fruto da minha geração. Essa dos sonhos cor de rosa, da agenda, caneta, parede do quarto e músicas cor de rosa. Mas sou também filha da minha mãe e proveniente dos Marreiros do Maranhão, onde muitos deles ainda nem têm água encanada e nem sabem o que é chão de cimento. Sou amiga de vocês, e conhecendo vocês como acho que cês se conhecem, isso diz muita coisa. Mas confesso: cês me abrem umas paisagens novas, com cheiros novos, com posturas e desejos novos...como eu fico no meio dessa coisa toda?

Eu tinha essa mania de grandes amores, e grandes entregas, e grandes histórias, e grandes superações...meu coração ficou maior com tantas experiências grandes que o peito nem soube mais abarcar. Ainda hoje tá em conflito, querendo imprensar a bomba de sangue e suas batidas fortes de emoção. Mas minhas velhas manias hoje são velhas. Quero viver muito em um curto espaço de tempo, talvez naquele que caiba uma respiração. E quero depois abrir meus braços pra sentir o vento e gritar até ecoar: o mundo é meu canto de existência, minha oficina de bem querer. As pessoas hoje são, mais do que antes, imensos reservatórios de saber, de ser e de amor, com suas cores, roupas, colares, mochilas, risadas, lágrimas, falas...elas são meu fim. Cês sabem do que eu tô falando, não sabem?

Mas isso do meu coração se engrandecer me deixou vazios grandes também. Cada espaço, do tamanho desse Piauí vibrante! Preciso ressaltar que esses meus grandes amores eram também grandes amigos, dos melhores que já tive. A levar em consideração a porção gigantesca que vocês, amigos, ocupam no meu miocárdio, já se pode imaginar o que eles representavam na minha vidinha de expectadora de antes. Eles se foram, levando consigo a materialidade considerável que me preenchia. A idéia era que a liberdade se apossasse desses vazios.

Liberdade. É disso que eu tô tentando falar o tempo todo. Tanta coisa cabe nessa palavra, inclusive as escolhas. Veio tudo assim, de supetão, junto com as coisas novas que cês me mostraram. Só se esqueceram de me avisar (não vocês, mas o mundo) que liberdade é construção, processo necessariamente atravessado pelas dúvidas, pelas perdas, pela dor. Sabem, eu ando chorando calada, ando reprimindo meus olhos, pra eles não me obrigarem a ir ao banheiro no meio da noite, atrás de lencinhos ou de uma boa jorrada de água no rosto. Eu sei que cês me amam sorrindo, falando besteira, sendo forte. Mas eu acho que cês sabem que eu não sou um carvalho, indubitavelmente resistente. Preciso que as células que correspondem a esses pedacinhos que são vocês na minha alma reajam, segurem o tranco do meu lado.

Eu seria egoísta se fizesse de conta que vocês não têm fraquezas e insalubridades (aliás, porque tanto sal nesses caminhos nossos, se a gente é mais doce que rapadura?). É por isso que a minha roupa preferida pra ir ao encontro de vocês é meu melhor sorriso (desculpem-me se ele nem é tão bonito assim, mas é o melhor que tenho.). Mas eu sou a Ju, aquela que foi pintada no mundo como frágil. Eu fui pintada, mas eu nem sei até que ponto essas tintas não têm meus pigmentos naturais e o preto dos meus cabelos.

Eu tenho papai, que além de me dar todas as garantias que uma filha precisa ter nessa vida, também sabe me enxergar como a caçula e de vez em quando mexe no meu cabelo e me fala com uma voz de criança. Tenho meu irmão, que me trata como a fiel escudeira e de vez em quando me faz uns agrados típicos de pai mão aberta, todo permissivo. Tenho vocês, que são todo o resto, que compreende serem minhas mães, irmãos, filhos. A vida se movimenta por vocês e com vocês. Nada nas quatro paredes desse quarto faz qualquer sentido, se não partir e chegar até vocês. Desculpem a invasão, desculpem querer vê-los e ouvi-los tanto! Mas é que vocês são esse território que eu desbravei/desbravo; meu espaço de conforto, aquele do encontro das almas, no momento do abraço ou das cantorias das vozes que, desafinadamente, cantam a mesma música, ou dos corpos que bebem da mesma cerveja ou das bocas que riem das mesmas piadas, internas ou não.

Não me falta é gratidão, por cada história de suas vidas compartilhadas (eu me sinto grande, de confiança, de energia positiva), pois elas me aproximam de vocês, de seus íntimos; me fazem torcer e vivê-las como se fossem minhas; me fazem viva. Sustentem isso, eu imploro!

Vocês sabem quem são, o que são, como são, pra quê nomes, não é mesmo? Identifiquem-se pelos momentos que dividimos uns com os outros e nos somamos. Obrigada pelas leituras, vídeos, links, piadas, escadas, Vaninhas, Vinis e Caneleiros, Tio Espeto e Luís Filhos, CDs, roupas, perfumes, lágrimas, beijos, apertos, bate-cabelos, lutas, caminhadas, chocolates, noites, quartos, mãos, ouvidos, filmes, blogs, shows, Mercearias, viagens, dinheiro, lanches, filés com fritas ou somente fritas, sonhos, palavras, esforços, livros, infâncias, adolescências, reuniões, pautas, ídolos, diários, dias, produções, vitórias, derrotas, vidas compartilhad@s. Mas peço, não se acanhem de compartilhá-l@s mais!

Sou múltipla porque assim vocês me fizeram. Não há nada de que me orgulhe mais do que ser esses muitos, porque só assim posso comungar do sabor da liberdade que vocês tanto contribuem pra que eu alcance e lute por. Amo vocês e seus abraços e só peço a Deus que nunca me prive disso. Amém!

5 comentários:

Yasmin Melo disse...

depois disso tudo... eu so tenho a dizer que amo, e amo mais ainda o teu jeito de ta sempre perto. sempre vou estar aqui, p contar tudo, sejam as derrotas, as vitorias, seja pra rimos ou pra chorarmos, seja p conversarmos na escada, ou no quarto, ou na sala... seja p tomar só duas, ou comer cuscuz... enfim, sempre vou estar aqui, independente de.

Rosa disse...

Juuuu, que lindo! Fiquei emocionada, amo vc!

A dona da loja de desejos disse...

Ju, querida!

Que coisa mais linda... Eu que agradeço seu sorriso na minha vida!

Beijo, flor!

Rusniel disse...

Melhor que qualquer presente.

jayanna disse...

Ju querida, mt obrigada por me deixar fazer parte de sua vida.Te desejo tudo de bom. Sempre q precisar estou aqui.Obs:vc é uma excelente escritora, qdo lançar um livro me avisa tá?bjo